Introdução
Olá, caro(a) aluno(a)!
Estamos iniciando a discussão de um tema relevante e muito significativo no contexto escolar: “O ensinar brincando: o brinquedo e o espaço lúdico”.
As abordagens tratadas nesta unidade nos possibilitam refletir um pouco mais acerca da função dos seguintes tópicos: “Brinquedoteca: o espaço do brinquedo e do brincar” e “O brincar e as relações estabelecidas na atualidade”.
No tópico “Brinquedoteca: o espaço do brinquedo e do brincar”, a brinquedoteca é vista como um espaço pedagógico onde as crianças podem desenvolver suas habilidades e competências por meio das brincadeiras, sejam elas em grupos, sejam elas individuais.
No tópico “O brincar e as relações estabelecidas na atualidade”, a discussão encaminha sobre como a tecnologia e a globalização mudaram o modo de pensar deste ato tão importante: “o brincar”.
Aproveite para realizar outras leituras sobre cada item apresentado nesta unidade. Sua dedicação quanto a esse assunto fará toda a diferença na sua atuação e na sua vida profissional enquanto educador(a).
Depois desses primeiros tópicos, trabalharemos nos dois últimos, abordagens essas que nos irão possibilitar refletir um pouco mais acerca da função dos seguintes tópicos: “Ludicidade na escola: o espaço lúdico de aprendizagem na Educação Infantil” e “Atividades lúdicas na Educação Infantil”.
No item “Ludicidade na escola: o espaço lúdico de aprendizagem na Educação Infantil”, abordamos o quão importante é a preparação de um espaço para que essa ação aconteça com qualidade e a sua intencionalidade.
No item seguinte, “Atividades lúdicas na Educação infantil”, apresentamos algumas atividades que devem e podem ser desenvolvidas na Educação infantil.
Bom estudo!
Brinquedoteca: o espaço do brinquedo e do brincar
Nesta unidade, discutiremos sobre a função da brinquedoteca e o seu espaço pedagógico fundamental no desenvolvimento infantil no contexto escolar, assim como a apresentação dos seus principais objetivos.
Pensamos na brinquedoteca como um espaço de “brincar”, onde as crianças podem passar horas encantadas com os brinquedos ali expostos ou que a escola possa emprestar o “brinquedo” para que ela possa se divertir e, após algum tempo, devolver, assim como fazemos com os livros quando emprestamos nas bibliotecas. O surgimento das “brinquedotecas” no Brasil aconteceu a partir dos anos 1980 e, diferente do exemplo mencionado, ela é um “[...] espaço criado com o objetivo de proporcionar estímulos para que a criança possa brincar livremente”, ou “[...] a brinquedoteca é um testemunho de valorização da atividade lúdica das crianças” (CUNHA, 1997, pp. 13 e 14).

Fonte: Marimari1101 / Pixabay.
Cunha (1997, p. 21) discorre que: “[...] brinquedoteca é o espaço para brincar. Não é preciso acrescentar mais objetivos, é preciso valorizar a ação da criança que brinca, é preciso transcender o visível e pressentir a seriedade do fenômeno”.
Concordamos com a autora quando ela explica que a “[...] evolução do ser humano depende da evolução da consciência e o papel da educação é também o de provocar a expansão do potencial das crianças não somente no nível cognitivo” (CUNHA, 1997, p. 21).
A mesma autora ainda pondera que:
[...] o paradigma no qual a brinquedoteca brasileira se inspira ainda é mais sentido do que concretizado. Um paradigma é muito mais do que uma teoria, pois implica uma forma de contemplar nos fenômenos, chegando quase ser uma estrutura que gera teorias, produzindo pensamentos e explicações; é representado por um novo sistema de aprender a aprender (CUNHA, 1997, p. 19).
Negrine (1997, p. 85) discorre que a missão da brinquedoteca é:
[...] ter disponível muitos brinquedos e ensinar o manejo do jogo ou explicar as regras se for necessário, mas a criança deve frequentá-la por vontade própria e pelo prazer de poder jogar, ou de encontrar amigos e jogar. [...] é importante destacar que a brinquedoteca pode ser organizada para atender diferentes faixas etárias, isto significa que não se esgota ao atendimento infanto-juvenil.

Fonte: Famveldman / 123RF.
O mesmo autor ainda apresenta que:
[...] a criação de uma brinquedoteca pode variar segundo o local, instituição mantenedora, faixa etária a que se destina ou até mesmo em relação às finalidades para as quais ela está sendo criada considerando fundamentalmente o contexto sociocultural onde se insere (NEGRINE, 1997, p. 85).
Cunha (1997) ainda pondera que, para a elaboração e construção de uma brinquedoteca, devem ser considerados diferentes aspectos, como:
● proporcionar um espaço onde a criança possa brincar sossegada, sem cobranças e sem sentir que está atrapalhando ou perdendo tempo;
● estimular o desenvolvimento de uma vida interior rica e da capacidade de concentrar atenção;
● estimular a operatividade das crianças;
● favorecer o equilíbrio emocional;
● dar a oportunidade à expansão de potencialidades;
● desenvolver a inteligência, criatividade e sociabilidade;
● proporcionar acesso a um número maior de brinquedos, de experiências e de descobertas;
● dar oportunidade para que aprenda a jogar e a participar;
● incentivar a valorização do brinquedo como atividade geradora de desenvolvimento intelectual, emocional e social;
● enriquecer o relacionamento entre as crianças e suas famílias;
● valorizar os sentimentos afetivos e cultivar a sensibilidade (CUNHA, 1997, p. 14).
Kishimoto e Ono (2008, p. 220) discorrem que:
[...] a Brinquedoteca é um lugar que favorece a brincadeira livre. No entanto, os responsáveis que acompanham as crianças, geralmente permanecem de pé, observando-as ou chamando a atenção para guardar algum brinquedo. Há o controle do brincar, o vigiar sistemático, típico de adultos que acompanham as crianças. Os monitores tendem a brincar com as crianças e a explicar as regras de jogos por elas desconhecidas, como parceiros do brincar em contextos livres. Se o jogo é ato social, aprende-se a brincar, brincando e, nesse processo, compreendem-se as regras do jogo. A contradição entre o brincar livre e o seu controle é o foco dos conflitos.

Fonte: Katarzyna Białasiewicz / 123RF.
Cunha (1997, p. 22) ainda contribui com a informação de que:
[...] a brinquedoteca tem uma mensagem a dar à escola porque pode ajudar as crianças a formarem um bom conceito de mundo, um mundo onde a afetividade é acolhida, a criatividade estimulada e os direitos das crianças respeitados. Um espaço assim não é comum: sem cobranças nem exigências de produtos. Este espaço tão pleno, tão cheio de oportunidades pode ser terra fértil apropriada para a germinação de um novo homem capaz de construir uma nova humanidade.
SAIBA MAIS
A brinquedoteca a partir da ABBri (Associação Brasileira de Brinquedotecas)
Leia sobre a brinquedoteca a partir da ABBri (Associação Brasileira de Brinquedotecas), que é uma entidade sem fins lucrativos – referência nacional em consultoria sobre organização de brinquedotecas e capacitação de brinquedistas – a qual desenvolve atividades de caráter sociocultural para defesa do Direito de Brincar. No site, você terá a oportunidade de afiliar-se e, também, de participar de eventos, entre outras orientações sobre esse mundo fantástico.
Santos (1997) apresenta, em sua pesquisa “Brinquedoteca de universidade”, que criar esse espaço significa mudar de postura frente à educação. A autora indaga que, para criar uma brinquedoteca, em qualquer lugar que se tenha a necessidade dessa ação, é preciso:
- mudar os padrões de conduta em relação à criança;
- é abandonar métodos e técnicas tradicionais;
- é buscar o novo, não pelo modernismo, mas pela convicção do que este espaço representa;
- é acreditar no lúdico como estratégia do desenvolvimento infantil (SANTOS, 1997, p. 97).
Podemos, então, concordar com os autores que as brinquedotecas possuem diferentes funções. Elas podem e devem ser utilizadas por diferentes públicos e ter diferentes objetivos, sendo eles pedagógico, comunitário, social ou outros que possam envolver e desenvolver o público que se propõe a participar desse momento.
Dessa forma, podemos concluir que esse espaço é construído e pensado para que as crianças possam desenvolver a sua autonomia, a criatividade, o senso crítico e a responsabilidade, entre tantos outros desenvolvimentos.
REFLITA
Brinquedoteca x Espaços lúdicos
Vamos levantar uma questão prática: você já possui embasamento teórico suficiente para contextualizar a diferença de uma brinquedoteca e outros espaços lúdicos. Quais são os seus diferenciais?